Dados preliminares indicam relação entre uso de aspartame e ansiedade

Quarta, 4 de janeiro de 2023 Leitura: 00:03:00

Dados preliminares indicam relação entre uso de aspartame e ansiedade

Dados preliminares sugerem que o aspartame, um adoçante artificial muito usado em bebidas e alimentos dietéticos, aumente o risco de transtornos de ansiedade.

Em um estudo pré-clínico, os pesquisadores observaram que os ratos que beberam água contendo aspartame apresentaram acentuados comportamentos do tipo ansioso em vários testes de labirinto.

Esse comportamento ocorreu após um consumo de aspartame equivalente a menos de 15% da ingestão diária máxima recomendada para humanos pela Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos.

"O traço de ansiedade tão intenso que eu acho que nenhum de nós previu o que iríamos ver. Foi totalmente inesperado. Normalmente, observamos mudanças sutis", disse a primeira autora do estudo, Dra. Sara Jones, doutoranda na Florida State University (FSU) College of Medicine nos Estados Unidos, em um comunicado à imprensa.

 

O estudo foi publicado on-line em 02 de dezembro no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

 

Transmissão transgeracional

Quando ingerido, o aspartame se transforma em ácido aspártico, fenilalanina e metanol ― todos estes podem exercer efeitos potentes no sistema nervoso central, indicam os pesquisadores.

Expor os ratos ao aspartame também produziu alterações na expressão de genes que regulam o equilíbrio de excitação e inibição na amígdala, que regula a ansiedade e o medo.

A administração de diazepam para os ratos, medicamento usado para tratar o transtorno de ansiedade generalizada, melhorou o comportamento ansioso dos animais.

"A ansiedade, a resposta ao diazepam e as alterações da expressão gênica na amígdala não se limitaram aos indivíduos expostos ao aspartame; também apareceram em até duas gerações descendentes dos machos expostos ao aspartame", relataram os pesquisadores.

"A extrapolação dos achados para humanos sugere que o consumo de aspartame em doses abaixo da ingestão diária máxima recomendada pela FDA possa causar alterações neurocomportamentais nas pessoas que consomem aspartame e nos seus descendentes", escreveram os autores.

"Assim, a população humana em risco dos potenciais efeitos do aspartame na saúde mental pode ser maior do que as expectativas atuais, que consideram somente quem consome o aspartame", acrescentaram.

 

Longe de ser inofensivo?

 

Os pesquisadores pretendem publicar dados do estudo sobre o impacto do consumo de aspartame na memória dos ratos.

 

Em futuras pesquisas, os autores esperam identificar mecanismos moleculares que influenciam a transmissão do efeito do aspartame às novas gerações.

 

Assim como vários outros, o estudo da Florida State University descarta a antiga ideia de que o aspartame e outros adoçantes não nutritivos sejam inócuos. Em um estudo recente, noticiado pelo Medscape, pesquisadores descobriram que esses substitutos do açúcar não são metabolicamente inertes e podem alterar o microbioma intestinal de modo a influenciar a glicemia. Os adoçantes artificiais também já foram associados a aumento do risco de doença cardíaca, acidente vascular cerebral e câncer.

 

O estudo foi financiado pelo Jim and Betty Ann Rodgers Chair Fund na Florida State University e pela Bryan Robinson Foundation. Os pesquisadores informaram não ter conflitos de interesses relevantes.

 

Proceedings of the National Academy of Sciences. Publicado on-line em 02 de dezembro de 2022. Íntegra do artigo

 

Este conteúdo foi originalmente publicado no Medscape .

Palavras-chave: aspartame, ansiedade